Tenham bom senso

"Não é porque eu escrevo sobre drogas, alcoolismo, mulheres fáceis, noites difíceis, depravação e sexo sem compromisso que eu sou um completo desregrado. Compreendam o limite entre realidade e ficção ou simplesmente morram nesse mundo politicamente correto que lhes consome. A arte imita a vida e vice versa, mas isso nunca será uma regra"


sábado, 7 de julho de 2018

Aos abutres

“Aos abutres, deixo a carne em decomposição de meu corpo quebrado para que devorem a vontade. Queria que um dia tivessem noção de tudo que sacrifiquei na minha vida para apodrecer até aqui. Aos amigos sinceros que me querem bem, deixo toda minha gratidão e carinho em palavras escritas nos pergaminhos da minha pele. Palavras ditas antes de meu coração definhar, pois este foi o primeiro a apodrecer. Da minha alma, não restou nada além de ódio e mágoa em imagens tatuadas em luz negra na escuridão que paira sobre ela”

sábado, 30 de junho de 2018

Despedidas II

Não sei quando mas sei o porquê escrevi...

"Se despedir sempre é triste. É como jogar algo pesado no mar. Por mais que tu mergulhe para procurar, sempre tem a possibilidade de afundar na areia e se perder para sempre.Não lembro de nenhuma despedida que tenha sido menos dolorosa do que um corte profundo na pele. Daqueles que por mais que tu tente juntar a pele esperando que ela se regenere, a ferida se abre e sempre mais e mais dolorosa.Se olhar nos olhos é devastador. Todos os sentimentos afloram seja a raiva mais profunda ou o amor mais puro ou ambos girando em órbita".

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Dois socos e o golpe fatal

Essa é a primeira postagem de 2018. Não posso dizer que foram só coisas ruins. O ano começou bem. Seguido daqueles traumas velhos por causa das porcarias que não consigo me livrar. O amor machuca. E quando há amor, misturado a pena e culpa fica ainda mais complicado. Só queria voltar no tempo e refazer algumas coisas. Ou esquecer outras. Tomei o último remédio do tratamento ainda com sono depois de quase uma semana dormindo mal, quando conseguia dormir. Foram 3 semanas desde o acidente de moto. Já não estava bem. Lembro de parar na porta do quarto e pensar "não quero ir trabalhar", mas mesmo assim fui. Parei no meio do caminho para colocar a roupa de chuva quando começou a garoar. Eu sentia em mim que alguma coisa estava errada. Algo não devia estar ali. Segui à diante o mesmo caminho de todos os dias. Entro numa rua de paralelepípedo que já havia passado com chuva outras vezes. Sabe deus por qual motivo encosto no freio da frente e minha roda resbala fazendo a moto cair comigo junto. Tento me levantar rápido e tirar meu pé debaixo da moto que está preso. Levanto e levanto ela junto olhando os carros parados atrás. Sou tomado por uma vergonha enquanto escuto uma velha fazer mil perguntas que não quero responder, me dizendo pra ficar deitado, que posso ter machucado alguma coisa. Digo pra ela alguma coisa que não lembro, do tipo "estou bem" e ela segue falando. Em pensamento mando ela calar a boca da forma mais ignorante possível. Empurro a moto para a calçada. Sinto minha canela e joelho. Uma outra mulher me pergunta mais calmamente se estou bem. Digo que sim e conversamos. Ela me oferece a clínica de fisioterapia que ela trabalha para me ajudar e digo que estou bem. Pego um cigarro no baú e estou sem fogo. Peço um isqueiro pra ela e ela vai buscar e ainda me trás um café. Conversamos sobre ela também ter moto e o irmão dela também. Fico um tempo alí e sigo meu caminho até o trabalho. Pensa num dia que começou bem. Termina a primeira semana. Estou no estúdio já sentindo a garganta. O ensaio está bom, mas já não me sinto muito bem. A banda que ensaia depois não iria, então eu poderia terminar ali e ir pra casa. Chego em casa, janto, tomo banho e me deito. Lembro de acordar muitas vezes de madrugada nos meus sonos instáveis. Acordo pra trabalhar sem conseguir levantar da cama. Febre, garganta inflamada, dores e tontura. Uma sensação semelhante àquela da segunda anterior me toma. Vou ficar em casa, durmo hoje amanhã estou melhor. Não melhorei. Fui ao médico me ofereceram um batalhão de medicamentos. Vou na farmácia municipal comprar remédios e casualmente encontro um ex amor perdido. Ela me vê e dou um sorriso amarelo febril. Enquanto ela pega os remédios, lembro que foi um dos últimos sentimento que realmente tinham valido a pena. Ela me entrega os remédios e eu deixo a ela um obrigado quase mudo. caminho até a outra farmácia para comprar o remédio que ali não tinha. Ok, vamos pra casa. Foram mais 3 dias até me sentir realmente melhor. Perdi uns 3 ou 4 quilos por não conseguir comer direito. Me senti melhor mesmo somente no sábado a noite, quando foi uma das poucas noites “boas” de sono que tive. Essa foi a segunda semana. Na empresa, as coisas não andavam. Minhas ideias se perdiam no meio de uma arrogância bem familiar. Eu estava sem um pingo de vontade mais, e isso já estava meio claro em mim. Já procurava outras coisas, ficava mais focado no estúdio que me servia de terapia. “Como deve ser bom trabalhar só com o que se gosta” era a frase que não saía da minha cabeça. Mas ainda não me rende o que preciso. Chego na empresa pela manhã, todos meio quietos demais. No meu primeiro passo tudo já estava meio estampado na testa de todos, menos na minha. Foi o golpe fatal, aquele inesperado e silencioso. Depois de duas semanas bosta, a segunda-feira foi fatal. Pelas 15h recebo o aviso da minha demissão. Arrumo minhas coisas e vou pra casa. Uma frustração bate forte em mim por ter que chegar em casa e informar mais uma vez “fui demitido”, com enormes entrelinhas “fracassei novamente”, “caguei tudo de novo” ou “não consegui mais uma vez”. É aquela frase que quando dita, as pessoas vem tentar amenizar com frases de apoio. Mas todas no fundo tem um “puta merda, sinto muito”. Mas ao lado da frustração, mesmo assim ainda sinto uma leve sensação de correntes quebradas novamente. Liberdade. Mesmo sabendo que isso não é um lado bom.